sábado, 15 de setembro de 2007

Dylan Dog - Johnny Freak (2001)

A editora Conrad trouxe ao Brasil, no ano de 2001, uma seleta série com um dos personagens mais intrigantes e interessantes dos quadrinhos europeus: Dylan Dog.

Dylan Dog foi criado pelo roteirista Tiziano Scliavi, em outubro de 1986, a pedido da Sergio Bonelli Editore, da Itália. Dylan é também conhecido como o "Detetive do Pesadelo", e desde sua criação angariou fãs de forma progressiva, sendo uma das revistas européias com maior tiragem total, atualmente,beirando a casa de um milhão de exemplares entre edição normal, reedição e por aí vai.






Desde seu nascimento, Dylan encantou leitores de comic books mundo afora pela genial mistura de horror, sexo, aventura e humor que Scliavi escrevia, num ritmo de um filme noir misturado ao Cine Trash, que passava na Bandeirantes muito tempo atrás. Scliavi, como muitos afirmam, conseguiu criar sua "história em quadrinhos autoral" e ao mesmo tempo a tornou imensamente popular, através de tramas bem estruturadas, e com temas que iam desde casos de monstros até histórias que conseguiam comover o leitor.


Scliavi também nunca economizou em referências à cultura pop, que iam desde canções que rolam como som de fundo nas histórias(como Pink Floyd,com "Wish you were here",em uma parte da história Johnny Freak),até o fato de Dylan ter como secretário/assistente de sua agência de investigação ninguém menos que Groucho Marx!


Bem, agora ao que interessa, que é exatamente o que farei neste singelo blog sobre quadrinhos, feito por um leitor não-iniciante mas ainda novato em crítica de quadrinhos: a minha opinião sobre a história focada neste post. Hoje é a história de Dylan Dog intitutlada "Johnny Freak", que foi escolhida pela Conrad para ser a história inicial de sua publicação do personagem por essas bandas, nos idos de 2001 (lá se vão praticamente 6 anos...).




A primeira coisa a ser observada positivamente na HQ é sua capa (à esquerda): desenhada especialmente pelo grande Mike Mignola (mais conhecido como o criador de Hellboy),e digo mais, muito bem desenhada. Toda a série lançada pela Conrad contou com capas feitas por Mignola, de superior qualidade como essa ao lado,diga-se de passagem.


No editorial de introdução ao mundo de Dog, Cassius Medauar ressalta que as histórias escolhidas para figurar essa mini de 6 volumes foram escolhidas pelo próprio Scliavi, como as tramas que melhor poderiam introduzir alguém ao estranho mundo de Dylan. E Scliavi realmente estava certo: Johhny Freak é a melhor história para se conhecer o caráter de personagens como Dylan (muitas vezes aparenta ser um mero detetive que se importa apenas com seu pagamento, mas que é um homem notável)e Groucho (com seu jeito todo falante, e sempre munido das piores piadas do mundo), além do Inspetor Bloch, da Scotland Yard (que vive ajudando Dog, mas é o típico inspetor sempre estressado).


A história é toda em preto-e-branco, o que a torna ainda mais interessante, lapidando de maneira ainda mais eficaz o traço de Andrea Venturi, que se mostra bastante eficiente por todo o contexto da história, humanizando da melhor maneira possível as personagens; principalmente Johnny, com seu jeito um tanto animal, instintivo, mas tocante e sensível ao mesmo tempo. Toda a estrutura da trama é bem montada e "clássica", com a solução do mistério ao fim da edição, fato que não diminui em nada a qualidade da história. Destaques para as inusitadas expressões que não são traduzidas intencionalmente, para situar o leitor nessa Londres chuvosa e bizarra, e suja, com seus Goddamnit's e expressões do tipo, além é claro do famoso "Judas Dançarino!", que Dylan nunca hesita em usar!


Scliavi e Mauro Marcheselli, nesta história, constroem juntos um roteiro que prima pela qualidade não do absurdo e do bizarro, mas sim do humano que não o aparenta ser (o Freak do título), e de pessoas que são normais, aparentemente, mas cometem fatos abomináveis, horrendos, c
ruéis. Os roteiristas conseguem em apenas uma edição inserir o leitor profundamente na personalidade e na alma, essência de Dylan, mostrando seus defeitos e virtudes, com uma maestria somente observada nos quadrinhos italianos, como em histórias de Ken Parker, Martin Mystère e inúmeros outros.


Caso você ainda não tenha percebido, EU com certeza RECOMENDO esse exemplar de Dylan Dog, que ainda é facilmente achado em sebos e lojas especializadas mundo afora...mas se não achar esse especificamente, não perca a oportunidade de ler qualquer exemplar de Dylan Dog, que é uma excelente opção para se iniciar no mundo das HQs italianas, que sempre têm uma qualidade diferenciada das americanas Marvel e DC, além de outras mil por aí. Leia!

Um comentário:

Anônimo disse...

A muleque, mandou muito bem, comecou o blog com maestria, otimo texto e uma excelente escolha, o Dog vem das antigas ja, e o mestre Mingola rabiscando genialmente as capas ficou alem dos comentarios...

Certeza que vou sempre estar por aqui, sempre que atualizar o blog deixa um scrap maneiro voce sabe onde que eu bato por aqui facil facil...

E quando precisar ja tem um colaborador aqui pra manter em forma o Nona Arte Subversiva...

Aquele abraco..